A Europa prometeu-nos o paraíso. Lembra-se?

Primeiro é a Suíça. Seguir-se-ão, é previsível, a Grã-Bretanha e a França (entretanto liderada por Marine Le Pen) e, depois, uma catadupa de Estados pequenos mas ainda abastados da União Europeia até, finalmente, chegar a vez da Alemanha. Se eu tiver razão - e espero que não - dentro de meia dúzia de anos acabou-se a liberdade de circulação de trabalhadores entre os países assinantes do tratado de Schengen e da União Europeia.

Em contrapartida, cada um destes países, que procura livrar-se de imigrantes vendedores de mão-de-obra, tenta ser mais competitivo do que os seus aliados na capacidade de atração de capital estrangeiro.

Temos soluções, estilo "visa gold", a dar nacionalidade europeia a qualquer riquito que se apresente com meio milhão de euros e esteja disposto a ser enganado na compra de imobiliário sobrevalorizado, como está a acontecer em Portugal.

Temos uma constante diminuição do nível de impostos sobre as empresas - enquanto os impostos sobre o trabalho sobem - a transformar cada vez mais Estados desta Europa da globalização numa montra de paraísos fiscais com falso selo de respeitabilidade. Olhem para a Holanda, para o Luxemburgo e para o que quer fazer a Irlanda.

Temos até o socialista António José Seguro a prenunciar uma governação estilo François Hollande (típica da esquerda baralhada), ao defender tribunais especiais para estrangeiros investidores que queiram comprar os favores da nossa justiça.

A Europa do futuro, se nada mudar este percurso, é adivinhável pelo espírito subjacente ao referendo suíço, país que voltará dentro de três anos a impor limites à aceitação de imigrantes provenientes da União Europeia.

Se nada mudar, a Europa do futuro é já desenhável pelas tendências das reformas fiscais: as baixas do IRC, os benefícios fiscais e a diminuição das taxas de Segurança Social para as empresas, que se discutem e se aplaudem de Lisboa a Sófia, enquanto o ataque aos pensionistas e ao IRS dos empregados não é, de maneira alguma, exclusivo português.

A Europa do futuro abrirá, assim, os braços a passadores de droga que tentam lavar dinheiro sujo; até os subsidiará. A Europa do futuro terá pedras na mão para receber um operário que procura trabalho noutro país da União. A Europa do futuro aceitará ser a sede luxuosa de empresas que escravizam, em fábricas distantes, crianças de 8 anos. A Europa do futuro recusará um visto a um jovem cientista candidato a um contrato de três anos num laboratório de ponta.

A Europa do passado prometeu-nos o paraíso na terra. Lembra-se?

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