Jornalistas propõem aulas de literacia dos media no ensino público

Apresentei esta proposta ao 4.º Congresso dos Jornalistas - aprovada por larga maioria juntamente com outra parecida apresentada pelo Luís Humberto e pelo professor Manuel Pinto - e cuja ideia essencial foi incluída na resolução final aprovada por unanimidade pelos jornalistas presentes: 


Apelo dos jornalistas portugueses à introdução de uma disciplina de literacia da comunicação de massas no ensino básico 
Os jornalistas portugueses, reunidos no 4.º Congresso dos Jornalistas, recomendam à Assembleia da República e ao Governo português a tomada de iniciativas que possibilitem a criação, no sistema de ensino público básico, de uma disciplina de literacia da comunicação de massas que possa dar aos jovens portugueses competências fulcrais para lidarem responsavelmente e conscientemente com os novos sistemas comunicacionais e aumentem as suas capacidades efetivas para o exercício de uma cidadania ativa e responsável. Entre outros objetivos, pretende-se: 

  • uma disciplina que ensine os jovens a interpretar, a descodificar, a criticar e a valorizar as mensagens da comunicação social, dos jornais, da TV, da rádio, mas também da web, das redes sociais, e do que os poderosos dizem através de todos estes meios; 
  • uma disciplina que ensine os jovens a identificarem e a defenderem-se dos crimes e agressões sociais perpetrados através da internet (difamação, calúnia, fraude, pedofilia, etc.); 
  • Uma disciplina que eduque para as boas práticas individuais na utilização dos novos meios de comunicação e interação digital, que explique e difunda os fundamentos de uma verdadeira ética na internet. 
  • uma disciplina demonstrativa de que o que é difundido por milhões de pessoas como verdadeiro pode, afinal, corresponder à mais pura falsidade e que uma das missões do jornalismo é ajudar a distinguir a verdade da falsidade; 
  • uma disciplina que ensine os jovens a entender e a interpretar os vários géneros jornalísticos e a distinguir opinião de notícia, reportagem de análise, crónica de relato; 
  • uma disciplina que analise e revele os mecanismos da manipulação informativa; 
  • uma disciplina que forme futuros leitores e consumidores de informação jornalística capazes de serem exigentes e qualificados críticos do trabalho dos jornalistas que nos obriguem, a nós jornalistas e às empresas jornalísticas, a sermos corretamente deontológicos, que nos obriguem a sermos transparentes, que nos obriguem a sermos pluralistas, que nos obriguem a termos capacidade de mudarmos metodologias profissionais de forma a respondermos adequadamente às constantes mudanças da sociedade e às novas necessidades dos leitores, ouvintes, espetadores e interlocutores. 


Lisboa, 15 de janeiro de 2017 
Pedro Tadeu 

Carteira profissional 3121 

2 comentários:

  1. Espero que este tipo de disciplina seja entendida como uma ferramenta no sentido de poder contribuir para uma real formação. Pois este País, bem precisa de jornalistas que não se sintam presos aos seus Diretores de redação, e muito menos aos proprietários desses órgãos de comunicação.

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  2. Eis um desafio audaz, mas necessário, num campo relacional de poderes muito desiguais…

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