Trataram de aumentar os impostos de quem trabalha, investe e consome. Levaram patrões à falência ou a despedir milhares de trabalhadores. Cancelaram dezenas de milhares de contratos com funcionários sem vínculo ao Estado.
Mudaram as regras do subsídio de desemprego e diminuíram os apoios sociais. Convidaram os jovens, que educámos superiormente com os nossos impostos, a emigrar. O PIB, a riqueza produzida no País, caiu. A sociedade entra em incumprimento crónico: o número dos que não podem pagar os seus empréstimos à banca dispara.
Os impostos recolhidos diminuíram, apesar de toda aquela arquitetura, medida pelos génios da finança a quem entregámos os planos da nação, desenhar o efeito contrário.
As pazadas de subsídios de desemprego (mesmo diminuídos) agravaram o problema: o Estado não consegue pagar a dívida, nem os respetivos juros. O défice não desce para os níveis pretendidos.
Lançaram, entretanto, uma nova palavra de ordem: exportemos! Mas a Europa e o resto do mundo não estão particularmente consumistas... As vendas externas do País aumentaram, é verdade, mas uma parte é uma espécie de revenda de importações, outra baseia-se em atividades que empregam poucos trabalhadores. A soma de receitas assim criada parece uma gota de água optimista lançada num oceano depressivo.
Fingiram que atacaram as despesas funestas com as PPP, iludiram o problema das rendas excessivas na energia e voltaram ao mesmo: impostos, taxas, leis para viabilizar mais despedimentos na função pública e um ataque sistemático às pensões dos reformados, com os aposentados do Estado a serem moralmente acusados de "privilegiados" em relação ao sector privado para ver se, sob tal suspeita, aceitam sem protesto o roubo que se prepara.
Veio uma nova ideia: trazer estrangeiros ricos para Portugal. Anuncia-se um Golden Visa que dá cidadania europeia, liberdade dentro de espaço Schengen, a troco de 500 mil euros metidos na compra de uma propriedade. A banca agradece mas, desconfio, a Polícia Judiciária vai andar aflita com os novos inquilinos... E, cereja em cima do bolo, aplica-se isenção fiscal, durante dez anos, às pensões dos estrangeiros aposentados que queiram vir viver para Portugal.
Já imagino as mães da minha geração, com as suas recentes reformas diminuídas, a vestirem avental e toucas brancas, rendilhadas, para servir chá em part-time a uma matrona inglesa que alugou, com a sua pensão, uma casa na Lapa... Serão os novos empregos do futuro.
Depois de terem corrido com os jovens decidem, falidos e sem ideias, gritar ao mundo: "Este país é só para velhos."
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