Apanhámos um bando de vigaristas

Fomos tentar saber quem são os 10 escritores portugueses vivos que venderam mais livros durante o ano de 2004. Primeiro batemos à porta da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, que representa a esmagadora maioria dos patrões dos livros em Portugal. Disseram-nos que não sabiam responder-nos. Depois, apelámos às editoras, uma a uma. Pois, caro leitor, muitas tiveram a lata de nos dizer que não sabiam o que tinham vendido em 2004! Alguém, neste tempo de computadores, contabilistas e gestores de fato cinzento, acredita nesta maravilhosa resposta?


Também houve quem não fosse tão descarado e fugisse com o rabo à seringa, argumentando de outra maneira: “Mas que interesse tem saber quem vende mais ou menos?”, ou ainda “Compilar esses dados é uma trabalheira imensa...”. E houve quem, cinicamente, prometesse responder mais tarde para, a seguir, deixar de atender telefonemas.


Para que conste, aqui informo que as editoras Caminho, Oficina do Livro, Presença, Gradiva e Temas e Debates entregaram-nos esses dados. Todas as outras que contactámos arranjaram maneira de não o fazer. O que nos valeu foi a Fnac, que, em três tempos, nos deu as suas vendas na loja do Colombo – a maior livraria do País – e os próprios autores, que forneceram informações adicionais que a suas editoras recusaram dar.


Bem. Que posso eu pensar sobre isto? Vou fazer uma frase simples: as editoras que não nos responderam são dirigidas por um bando de vigaristas que, em nome da cultura, montou um negócio de fuga aos impostos. Há alguma outra hipótese para explicar este fenómeno?


in 24horas, 21 de Maio de 2005

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