Ter ou não ter olhos na cara

Não conheço profissão que se vista pior, que se apresente mais desleixada no seu local de trabalho, que cultive até à insanidade uma olímpica indiferença perante a roupa, do que esta profissão de jornalista.

Dos, para aí, 10 mil jornalistas que existem há apenas algumas centenas de excepções à regra dos maltrapilhos do Poder: as do mundo do jornalismo televisivo, entre os tipos dos jornais económicos, de, apesar de tudo, um número significativo de mulheres e, ainda, entre directores de jornais (sem contar comigo, pois, como toda a gente sabe, sou um selvagem sem educação e, por isso, para irritação da minha mãezinha, ando sempre mal-pronto).

E, no entanto, os jornalistas – como nós aqui no 24horas –, esses pretensiosos na garganta e parolos na traparia, têm a grandessíssima lata de analisar e criticar as vestimentas dos profissionais do bom aspecto: modelos, artistas, socialites, costureiros, apresentadores de televisão, políticos, donos de bares, jogadores de futebol, etc., etc. Então sobre mulheres, somos mesmo impiedosos. Que grande lata!

Respeitando essa tradição de despeito no mundo dos jornais, esta semana decidimos eleger aquelas que, na nossa habilitada opinião, são as 10 mulheres mais mal vestidas do País. Foi feita uma eleição na redacção e deu o resultado que, mais à frente, poderão analisar. Uma das “vítimas” desta nossa maldade respondeu-nos, acerca deste assunto: “Acho que as pessoas que votaram em mim não têm olhos na cara.” Em teoria, face ao que atrás foi exposto, ela até é bem capaz ter razão. Mas, caro leitor, temos maneira de resolver esta questão: certamente será pessoa com olhos na cara, por isso, veja as fotos, e ajuíze por si.
in 24horas, 28 de Maio de 2005

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