Direito de Resposta:
Pedro Tadeu responde a Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares fez publicar ontem no Diário de Notícias um direito de resposta a um artigo meu, publicado neste jornal na passada terça-feira, sob o título "A má consciência de Sousa Tavares". Sobre esse direito de resposta, gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos:
1 - A origem desta polémica está numa outra crónica publicada por mim em 2 de Março de 2010, intitulada "A vida privada segundo Francisco Assis" e que pode ser lida no site do DN (LINK). Aos leitores que tiverem paciência para isso, desafio-os a encontrarem nesse texto aquilo de que Sousa Tavares me acusa: que eu gostaria "de confirmar" (sic) salários de outros jornalistas através da divulgação pública das suas declarações de rendimentos. Sousa Tavares manipula e descontextualiza propositadamente essa crónica,
que comentava uma proposta política em discussão dentro do PS, para iludir os leitores e, numa tentativa de assassinato de carácter, acusar- -me de invejar os salários de outros.
2 - Sousa Tavares alega não ter caído "em tentação" ao criticar o salário de António Mexia. No texto a que ele responde, o que escrevi foi isto: "O mesmo critério de apreciação de carácter com que me mimoseia conclui, afinal, estar aquele pobre espírito roído de inveja por não ser ele 'o pateta' que arrecadou 3,1 milhões de euros." Folgo em ver que Sousa Tavares, afinal, considera que o critério de apreciação que seguiu para identificar a minha hipotética inveja não é um critério aceitável.
3 - Sousa Tavares nega ter revelado uma conversa privada com Durão Barroso. Numa crónica intitulada "Submarino ao fundo", publicada no Expresso de 2 de Abril de 2010, Sousa Tavares escreve: "Quando Durão Barroso chegou a primeiro- -ministro e Paulo Portas foi nomeado ministro da Defesa, contou-me que o primeiro dossiê que tinha encontrado em cima da mesa, no primeiro dia de trabalho, era o processo dos submarinos, que já só esperava pela assinatura final do ministro. Ele desconfiou e resolveu estudar o dossiê, antes de assinar. Não posso contar o mais que me contou…" De facto, a falta de clareza do texto deixa a dúvida se esta conversa foi com Barroso ou com Portas, mas que se trata da revelação de uma conversa privada - o cerne da questão -, eis algo que não parece suscitar qualquer incerteza.
4- Na questão sobre a utilização numa promoção de uma notícia no 24horas com o título "Miguel Sousa Tavares operado a um tumor" - e não me lembrando, de todo, das alegadas ameaças jurídicas que Sousa Tavares diz ter exercido - recordo o que escrevi, em editorial assinado do mesmo jornal no dia 2 de Maio de 2009: "Sobre esse assunto tenho a dizer o seguinte: Sousa Tavares tem toda a razão. Um momento de inacreditável estupidez, imperdoável, da minha exclusiva responsabilidade, levou a uma situação impensável. Não tem desculpa, por isso não a peço." Mais do que isto, não posso fazer. Sousa Tavares tem todo o direito de não perdoar esse erro gravíssimo, mas não tem o direito de manipular o texto de uma crónica minha para obter uma "vendeta" pessoal.
5 - Quanto à minha situação financeira: não escrevi se era boa, má ou razoável. Pus, isso sim, em causa a fonte de informação que teria permitido a Sousa Tavares escrever na GQ n.º 81: (Tadeu) "quer ver se entende por que razão uns ganham dez ou quinze mil e ele não". Mas se um dia as declarações de impostos forem públicas, pessoais e de empresas, as dúvidas poderão ser tiradas e, talvez, Sousa Tavares leve a taça do mais bem pago, coisa que me é completamente indiferente.
6 - Quanto à troca de insultos: Sousa Tavares provou do mesmo veneno que me serviu. Não gostou. Espero que tenha retirado daí uma lição.

in "Diário de Notícias", 16 de Abril de 2010






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