Entre as 20 ou 30 gravações de discos compactos disponíveis no mercado nada havia, nessa altura, de Xutos & Pontapés, mas tínhamos, de facto, qualquer coisa a soar a “música laser”: Vangelis. Era música terrível, ainda por cima impossível de dançar, mas... era o que havia. Uns 15 anos depois desconfiei que António Guterres passou por esse “evento”, quando o vi na TV a subir a um palanque, aplaudido pela multidão, ao som dessa “música laser”.
Os Xutos & Pontapés nasceram, portanto, antes da época da “música laser”, venceram nela e vencem na época do mp3. O Vangelis, não. Qual é o segredo dos Xutos? Fácil, leiam por exemplo esta letra: “Se isto não te diz nada/Olha para a rapaziada/Vê a vida que o povo tem/Vê a vida que o povo tem/Vê a vida que o povo tem”. Pronto, é só ver a vida que o povo tem e, depois, escrever uma canção.
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