O que exijo a Herman José

 Herman José faz parte da minha vida. Só estive com ele pessoalmente uma vez – o que foi uma grande excitação – e falámos apenas uma vez ao telefone, quando ele decidiu deixar de escrever no 24horas – o que foi uma pena. Mas, mesmo com tão insípida convivência, ele faz parte da minha vida.

Não faço a mínima ideia se ele é boa ou má pessoa, se é sensível ou duro, se é generoso ou egoísta, se transparente ou perverso, se gosta de ler livros policiais ou de ver filmes românticos, se é do Benfica ou do Sporting, se gosta de si próprio ou se se detesta. Para ser honesto, eu não sei nada sobre Herman José. Mas ele faz parte da minha vida.


Conheço aquilo que ele próprio deixa transparecer de si na televisão e nos jornais, o que, posso garantir pela experiência que tenho destas coisas, é no mínimo enganador. Portanto, eu nada sei sobre Herman José e o pouco que sei deve estar errado. Mesmo assim, ele faz parte da minha vida.


Tenho uma única absoluta certeza acerca de Herman José: ele é genial. Como passa pela minha vida a mostrar esse génio há mais de 20 anos, transformou-se num ídolo. E isto de ser-se ídolo de jornalista – o profissional do cinismo – é qualquer coisa de verdadeiramente homérica: é ter de realizar todos os dias os 12 trabalhos de Hércules e no final levar uma reprimenda por não se ter feito a coisa mais depressa, ou com maior elegância, ou com uma perna às costas.


Eu não imaginava a minha vida sem que por ela passasse Herman José. Dele exijo sempre mais. Quero que ele volte ao trono absoluto do humor. Já! Senão, a minha vida é um inferno! Senão, eu fico mais pobre.
in 24horas, 9 de Julho de 2005


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