Há mesmo alguns que exageram e, a acompanhar o cartão, mandam garrafas de vinho, agendas, bolas de árvores de Natal e um infinito cardápio de produtos de promoção que me deixam irritadíssimo. Porquê? Porque tudo o que tenha valor que se veja é devolvido à procedência – não vá o diabo tecê-las e alguém pensar que se está a comprar um favor qualquer – e tudo o que não tem valor, para ser franco, encaminha-se rapidamente para o lixo, a juntarse aos milhões de toneladas de coisas não biodegradáveis que andam a poluir este mundo. No meio desta confusão acabo por me sentir uma besta insensível, por não ficar grato ao gesto de simpatia dos outros. É um embaraço para mim e para as pessoas e empresas que tentam ser agradáveis comigo e acabam por ter de dirimir um pequeno conflito institucional.
Nesta altura do ano criámos esta necessidade de darmos palmadinhas nas costas uns dos outros, de nos ofertarmos como se fossemos irmãos, apesar de no resto do ano termos andado mutuamente a planear homicídios de carácter, a espalhar rasteiras traiçoeiras e a espetar facadas nas costas. Nesta altura somos santos, no resto do ano somos soezes.
Mas a verdade é que as pessoas fazem isto por bem, eu sei. Sinto-me, portanto, obrigado a participar neste belo movimento social. Mas como sou forreta e já não vou a tempo de comprar cartões de Boas Festas, aproveito este espaço e a todos os esforçados ofertantes retribuo o marketing profissional com os desejos de um feliz Natal e um fantástico ano de 2006.
in 24horas, 24 de Dezembro de 2005
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