Pois o que se passa é isto: uma reportagem na televisão do Quénia dá dois minutos e 25 segundos de tempo de antena ao facto de ter aberto em Nairobi – a capital do país – um novo serviço de lavagem automática de automóveis, que não será o primeiro, suponho, mas que é suficientemente importante para ter direito a tão notável transmissão.
Primeiro contraste: este atraso de, talvez, 40 ou 50 anos em relação a algo que para nós faz tão parte da vulgaridade do dia-a-dia que nunca motivaria dois segundos, sequer, de espaço do pequeno ecrã, é compensado por o sistema, que tanto entusiasmo suscita à NTV queniana, ser computorizado e ter capacidade para reciclar a água que utiliza – o que deve ser bastante invulgar cá no nosso burgo tecnologicamente desenvolvido.
Segundo contraste: o automóvel que é utilizado no final da reportagem pelo jornalista para “testar” a lavagem automática de carros é um Volkswagen Passat de última geração, que fará inveja a muito automobilista “tuga” montado no seu utilitário Clio. O de um cliente é uma carrinha de caixa aberta 4 por 4 bastante cara.
Terceiro contraste: a técnica jornalística seguida é bem melhor do que muita coisa que se vê por aí nas nossas televisões, em situações similares, mesmo se o tema for a inauguração de uma fábrica de circuitos integrados ou o lançamento de uma nova versão do iPhone.
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