O gesto que Manuel Pinho fez no Parlamento é tão inacreditável que até parece ter-se assistido ali a um deliberado e consciente acto de suicídio político. E, convenhamos, os motivos para isso são mais que muitos. Umas horas antes ainda era notícia o facto de Manuel Pinho ter andado a dizer que procurava soluções para salvar alguma coisita da Qimonda, a fábrica high-tech falida que é, até agora, o símbolo maior da crise económica em Portugal. Todos os dias, Pinho colocava-se nessa situação: Aparecia a prometer soluções que não tinha nem, provavelmente podia ter; jurava andar a tentar impedir falências que, quase de certeza, não podia evitar; viajava para negociar com empresários apoios que não tinha para dar; mostrava aos jornalistas um país fora da crise que ninguém conseguia ver. Pinho estava há mais de um ano a tourear a situação económica e política. Mas a faena era um desastre colossal. Devia ser isso que tinha ele na cabeça quando ontem, frente aos deputados, resolveu tomar o lugar do touro, colocar uns chifres na cabeça, e investir. Ofereceu-se à morte e, claro, deram-lhe a estocada fatal. Pedida e merecida.
In 24horas, 3 de Julho de 2009
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