Na entrevista que hoje o 24horas publica com o realizador Carlos Coelho da Silva, um homem que já assinou êxitos de bilheteira como “O Crime do Padre Amaro” ou “Amália”, e que prepara para o cinema uma versão de um dos episódios da série de livros juvenis “Uma Aventura...”, destacámos para título a seguinte frase do cineasta: “Faço os filmes a pensar no público”. O interessante da construção jornalística da referida entrevista é ela pressupor, da parte de quem a editou, que em Portugal ainda é notícia o facto de um cineasta achar que, em primeiro lugar, deve satisfazer algumas exigências mínimas de comunicabilidade com os espectadores e só depois pode servir os seus propósitos e anseios artísticos, estéticos, ideológicos, políticos ou o que quer que seja. O trauma de anos e anos a ver filmes insuportáveis, que acabou num divórcio de décadas entre público e realizadores, e que também acabou por colocarem causa a justeza e necessidade da atribuição de subsídios a uma indústria cultural que parecia apostada num consistente e arrogante autismo profissional, parece, finalmente, desde há alguns anos, estar a ser ultrapassado. Ainda bem.
in 24horas, 18 de Julho de 2009
Sem comentários:
Enviar um comentário